Por Jéssica Oliveira
Graduanda em Ciências Biológicas
Fonte: http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/filcc/man.woodcut.jpg |
Longas discussões são travadas sobre a
perspectiva a adotar para pensar e descrever a evolução das ciências, e aí
surge a questão: a ciência progride cumulativamente ou os novos conceitos
invalidam ou substituem os antigos? Para isso apresentam-se as teorias do
continuísmo e descontinuísmo.
Segundo os continuístas, a ciência
progride sem sobressaltos uma vez que cada teoria contem fragmentos, as bases
ou os embriões da teoria seguinte. Defende que o objeto da ciência e a verdade
científica são pressentidas e que seriam, ao longo da história, objeto de
sucessivas aproximações num processo, embora lento, de evidente progresso
contínuo e de alargamento progressivo. Ao longo do tempo, seriam descobertas
novas verdades que se acumulariam às outras já adquiridas.
De acordo com os descontinuístas, a
ciência progride através de rupturas, por negação de teorias anteriores. Estas
epistemologias estão especialmente atentas não às filiações mas às rupturas,
não aquilo que liga as teorias entre si mas aquilo que as separa. O progresso
dos conhecimentos científicos faz-se através de rupturas, isto é, através de
grandes alterações qualitativas que não podem ser reduzidas a uma lógica de
acréscimos de quantidades; faz-se através de momentos em que se quebra a
tradição e em que esta é substituída por uma nova teoria.
Para Bachelard, a investigação
científica passa pela ultrapassagem de limites. Isto significa que não há
investigação sem interferência de obstáculos (obstáculos epistemológicos).
Estes não são propriamente as dificuldades próprias da complexidade do objeto
que se está a investigar; eles são fundamentalmente elementos internos, isto é,
inerentes ao cientista, que atrasam, dificultam, travam, impedem, desvirtuam a
investigação científica. Segundo Bachelard, há descontinuidade epistemológica
ou ruptura com o conhecimento vulgar – senso comum, com a filosofia que
anteriormente tratava desses problemas, com as categorias, evidências,
explicações anteriormente concebidas e que se demonstram serem de ordem
puramente ideológica.
Bachelard defende o descontinuísmo,
porque constatou o surgimento inesperado de teorias absolutamente novas. Afirma
que o que há de errado nas teorias anteriores é posto evidentemente de lado,
mas o que há de positivo nessas mesmas teorias não é pura e simplesmente
destruído, mas sim reestruturado numa teoria mais ampla.
Então Bachelard responde como se
desenvolve uma ciência: por correção de erros, negação e generalização
dialéticas. É que Bachelard constatou que no processo de evolução de uma dada ciência,
havia súbito rebentamento de teorias novas.
Assim, concluiu que o conhecimento científico atual não é fruto de uma
acumulação progressiva de problemas sempre mais complexos; o progresso
científico tem lugar numa articulação dialética em que o saber científico não
atinge a sua verdade pelo aprofundamento gradual das verdades precedentes, mas
por rupturas e reorganizações completas. A ciência se caracteriza
historicamente por uma extrema sensibilidade dialética, que o seu progresso é
descontínuo e que este se faz por ultrapassagem de obstáculos, em que o erro
tem um papel positivo.
estou de acordo com a ideia do descontinuistas.
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